Um dos cenários de acidentes mais devastadores para uma empresa é o de incêndio. Quando isso ocorre, pode provocar graves lesões nos trabalhadores. O cenário descrito remete à NR 23 (Proteção contra Incêndio), que requer ao empregador a implementação de proteção ativa como, por exemplo, hidrantes, extintores portáteis e sprinklers, e formação de Brigada de Incêndio. Estes treinamentos têm uma certa complexidade devido à parte prática, exigindo locais adequados, docentes com proficiência no assunto e um bom condicionamento físico dos participantes.
Numa empresa desta imenso Brasil havia a necessidade de se treinar pessoas como brigadistas. Só que o gerente responsável por este procedimento apresentava vários obstáculos para não liberar o pessoal. Os motivos iam desde que a produção estava atrasada, até o fato de que o número de faltas dos funcionários no trabalho era grande.
Após vários apelos, ele começou a liberar o pessoal impondo uma condição: que o treinamento fosse depois do expediente. Com a permissão diversos treinamentos foram realizados. No entanto, havia um detalhe. Sempre que o gerente era convidado a participar, ele recusava o convite.
Certo dia, houve um princípio de incêndio no setor do gerente e ele mesmo decidiu extinguir o infortúnio se deslocando com um extintor até o local. No dia seguinte, mandou chamar o técnico de segurança com urgência no setor de produção. Quando este lá chegou, encontrou supervisores e auxiliares e o tal gerente, aguardando-o. Numa atitude precipitada, furiosamente o gerente praguejou:
- Ontem, ao ocorrer um princípio de incêndio na esteira de montagem, "fomos" usar o extintor para apagar o fogo, mas ele não funcionou. O que adianta ter esta porcaria aqui se quando a gente precisa não funciona?
Ao se explicar, o profissional da segurança respondeu num raciocínio convincente e com a maior brandura:
- A princípio este extintor aparenta estar em condições de uso. Pressão do manômetro dentro do recomendado. Data da carga perfeitamente em dia. O lacre de segurança intacto. A não ser pelo gatilho totalmente deformado, posso afirmar que o mesmo funcionaria, se o senhor tivesse retirado a trava de segurança.
Ninguém acreditava no que estava ouvindo. Sorrisos eram dissimulados. As pessoas foram se retirando em silêncio e o gerente foi convidado, mais uma vez, a participar do treinamento. Desta vez, com um certo constrangimento, aceitou o convite.
Fonte Guto Velhada, com a colaboração de Joel Vidal / Edição 229 - Janeiro 2011
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